Quarta-feira, 03 de abril
de 2013
As escavações e os estudos fazem parte do projeto
de Gestão e Diagnóstico do Patrimônio Arqueológico de Ilhabela, coordenado pela
arqueóloga Cintia Bendazzoli
Documento no Arquivo do Estado informa que, em
1608, Antônio “Bonete” recebeu a sesmaria da praia. As pesquisas são do
Instituto Arqueológico de Ilhabela que também dão conta que no local houve um
grande engenho de açúcar com mais de 90 escravos. As pesquisas arqueológicas e
os levantamentos documentais resultaram em descobertas inéditas que ajudam a
desvendar a verdadeira história da Praia da Bonete. Os estudos fazem parte do
projeto de Gestão e Diagnóstico do Patrimônio Arqueológico de Ilhabela (GEDAI),
do Instituto Histórico, Geográfico e Arqueológico de Ilhabela, coordenado pela
arqueóloga Cintia Bendazzoli. As pesquisas em todo o arquipélago são mantidas
pela Prefeitura de Ilhabela, por meio da Secretaria da Cultura. “A cada nova
descoberta não só resgatamos e ajudamos a preservar a história do arquipélago,
como também estimulamos o turismo histórico”, destaca o prefeito Toninho
Colucci. Sítios arqueológicos indígenas recentemente localizados e cadastrados
naquela região revelam que a Praia do Bonete, na região sul de Ilhabela, foi
primeiramente ocupada há 1.050 anos pelos povos sambaquieiros, ou seja, grupos
que construíam os “sambaquis”: monumentos funerários feitos de conchas nos
quais eram sepultados os mortos. A datação foi obtida através de amostras
coletadas em um dos sítios arqueológicos localizados e analisadas em um
laboratório em Miami, EUA. As pesquisas revelaram ainda que, posteriormente,
outros grupos indígenas vieram para a região. Eram populações indígenas
Macro-Jê, ceramistas e horticultores, e que produziam grande diversidade de
artefatos.
Os povos Macro-Jê ocuparam a região do Bonete aproximadamente 350 anos atrás, deixando inúmeros vestígios arqueológicos nas tocas que utilizavam para se abrigar. A datação da ocupação pelos povos Macro-Jê foi obtida através da análise de fragmentos de utensílios de cerâmica deixados nos sítios arqueológicos provenientes dessas populações.
Os povos Macro-Jê ocuparam a região do Bonete aproximadamente 350 anos atrás, deixando inúmeros vestígios arqueológicos nas tocas que utilizavam para se abrigar. A datação da ocupação pelos povos Macro-Jê foi obtida através da análise de fragmentos de utensílios de cerâmica deixados nos sítios arqueológicos provenientes dessas populações.
Sesmaria
Com a chegada dos primeiros colonizadores, os índios foram gradativamente sendo expulsos do seu território e as praias da região transformadas em Sesmarias e cedidas aos principais colonizadores e aliados do governador da capitania. Em 1608, explica a arqueóloga, a Sesmaria desta praia foi doada a Antônio Bonete e, por conta disso, ela passou a ser conhecida como Praia do Bonete, nome que perdura até os dias atuais. As sesmarias eram terras que os reis de Portugal cediam para que os primeiros colonizadores as cultivassem garantindo ao Reino a posse do território e o lucro com a cobrança de impostos com a comercialização dos gêneros produzidos. O documento da Sesmaria de Antônio Bonete foi localizado pela arqueóloga em levantamento documental realizado no Arquivo do Estado de São Paulo, e segundo a pesquisadora, põe fim à polêmica em torno da origem do nome da praia. Com o tempo a Sesmaria de Antônio Bonete foi passada para seus descendentes, tendo funcionado naquela praia um grande engenho de açúcar que possuía mais de 90 escravos. A presença escrava no Bonete foi muito marcante, sendo até hoje conhecidas na região as histórias sobre a presença do escravo Estevam e sobre o caminho que utilizava para se deslocar pela mata. “A realização de levantamentos arqueológicos, pesquisas documentais e também as importantes datações dos sítios, vêm ampliando de maneira significativa o entendimento da verdadeira história da ocupação deste arquipélago, bem como, contribui para a valorização e preservação do nosso rico patrimônio cultural, histórico e arqueológico”, ressalta o secretário da Cultura de Ilhabela, Nuno Gallo.
As pesquisas arqueológicas em Ilhabela seguem a todo o vapor.
A etapa de escavações arqueológicas que poderá revelar ainda mais sobre esta antiga ocupação sambaquieira – com de mais de mil anos na região do Bonete. A previsão é que tenham início ainda este mês, e será realizada em sítios de diferentes regiões da ilha, bem como nas ilhas da Vitória e dos Búzios.
Os levantamentos documentais também terão continuidade e servirão como subsídio para o melhor entendimento da verdadeira história das praias do arquipélago.
Com a chegada dos primeiros colonizadores, os índios foram gradativamente sendo expulsos do seu território e as praias da região transformadas em Sesmarias e cedidas aos principais colonizadores e aliados do governador da capitania. Em 1608, explica a arqueóloga, a Sesmaria desta praia foi doada a Antônio Bonete e, por conta disso, ela passou a ser conhecida como Praia do Bonete, nome que perdura até os dias atuais. As sesmarias eram terras que os reis de Portugal cediam para que os primeiros colonizadores as cultivassem garantindo ao Reino a posse do território e o lucro com a cobrança de impostos com a comercialização dos gêneros produzidos. O documento da Sesmaria de Antônio Bonete foi localizado pela arqueóloga em levantamento documental realizado no Arquivo do Estado de São Paulo, e segundo a pesquisadora, põe fim à polêmica em torno da origem do nome da praia. Com o tempo a Sesmaria de Antônio Bonete foi passada para seus descendentes, tendo funcionado naquela praia um grande engenho de açúcar que possuía mais de 90 escravos. A presença escrava no Bonete foi muito marcante, sendo até hoje conhecidas na região as histórias sobre a presença do escravo Estevam e sobre o caminho que utilizava para se deslocar pela mata. “A realização de levantamentos arqueológicos, pesquisas documentais e também as importantes datações dos sítios, vêm ampliando de maneira significativa o entendimento da verdadeira história da ocupação deste arquipélago, bem como, contribui para a valorização e preservação do nosso rico patrimônio cultural, histórico e arqueológico”, ressalta o secretário da Cultura de Ilhabela, Nuno Gallo.
As pesquisas arqueológicas em Ilhabela seguem a todo o vapor.
A etapa de escavações arqueológicas que poderá revelar ainda mais sobre esta antiga ocupação sambaquieira – com de mais de mil anos na região do Bonete. A previsão é que tenham início ainda este mês, e será realizada em sítios de diferentes regiões da ilha, bem como nas ilhas da Vitória e dos Búzios.
Os levantamentos documentais também terão continuidade e servirão como subsídio para o melhor entendimento da verdadeira história das praias do arquipélago.
Bonete
Localizado na região sul de Ilhabela, o Bonete conta com cerca de 70 famílias, é a maior comunidade caiçara do arquipélago. A comunidade preserva a riqueza de sua cultura tradicional, um exemplo é a Festa de Santa Verônica que acontece sempre na primeira semana de julho e que atravessa gerações. Ainda hoje, a ladainha é rezada em latim. Antigamente, a festa de Santa Verônica também era o momento em que os moradores que deixavam a comunidade voltassem para confraternizar e visitar seus familiares. Para se chegar ao Bonete pode-se ir de barco ou trilha. O local possui acesso por terra apenas para pedestres, a partir do bairro Sepituba. São 14km de caminhada, passando por diversas cachoeiras, entre elas a da Laje e a do Areado. A trilha exige boa forma física, percorrendo terreno acidentando e muitas vezes íngreme; o que costuma exigir uma caminhada superior a cinco horas, contando-se paradas para tomar banhos nas cachoeiras. A praia de areias claras e boas ondas para a prática do surfe é ideal para quem quer tranquilidade, contato com a natureza e com a cultura local.
Localizado na região sul de Ilhabela, o Bonete conta com cerca de 70 famílias, é a maior comunidade caiçara do arquipélago. A comunidade preserva a riqueza de sua cultura tradicional, um exemplo é a Festa de Santa Verônica que acontece sempre na primeira semana de julho e que atravessa gerações. Ainda hoje, a ladainha é rezada em latim. Antigamente, a festa de Santa Verônica também era o momento em que os moradores que deixavam a comunidade voltassem para confraternizar e visitar seus familiares. Para se chegar ao Bonete pode-se ir de barco ou trilha. O local possui acesso por terra apenas para pedestres, a partir do bairro Sepituba. São 14km de caminhada, passando por diversas cachoeiras, entre elas a da Laje e a do Areado. A trilha exige boa forma física, percorrendo terreno acidentando e muitas vezes íngreme; o que costuma exigir uma caminhada superior a cinco horas, contando-se paradas para tomar banhos nas cachoeiras. A praia de areias claras e boas ondas para a prática do surfe é ideal para quem quer tranquilidade, contato com a natureza e com a cultura local.
Fonte: Diário do Litoral
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