Centro Comunitário da Barra Velha ficou lotado para discussão de projeto a ser realizado em área do Parque das Cachoeiras, na Água Branca, que inclui a instalação de um teleférico
Thereza Felipelli
Muita gente ficou em pé. Cerca de 300 pessoas, incluindo representantes de associações de classe, sociedade amigos de bairro e ONGs, participaram na última terça-feira, no Centro Comunitário da Barra Velha, em Ilhabela, de uma audiência pública realizada pela Prefeitura, que não esperava tantos interessados na discussão sobre a revitalização da área da antiga usina da Cesp, conhecida como Parque Municipal das Cachoeiras, na Água Branca, que inclui a instalação de um teleférico no local.
O assunto vem causando bastante polêmica entre os ilhabelenses, mas, apesar disso, o que ficou evidente no encontro foi que a maioria (ao menos entre os presentes) aprova a ideia do Executivo. Segundo o prefeito Toninho Colucci, a ideia é que o local seja o “Parque da Cidade”, um espaço de convívio com uma série de atrativos para moradores e turistas.
Além do prefeito, a mesa diretora da audiência contou com a vice-prefeita Nilce Signorini, o secretário de Meio Ambiente, Cristobal Parraga, o secretário de Turismo e Fomento, Harry Finger, o diretor de Licenciamento Ambiental, Daniel Vilella, e o vice-presidente do Conselho de Meio Ambiente, Carlos Nunes, representante da sociedade civil.
Audiência
No encontro, o prefeito deu detalhes do projeto, recebeu sugestões e reivindicações. “Esse parque foi desapropriado e adquirido pela prefeitura em 1998 pela ex-prefeita Nilce, que evitou que ele se tornasse um empreendimento imobiliário. Existia um interesse em se fazer um loteamento lá. Em 2004 foi feito o decreto 882 com a intenção de transformar aquilo em uma Unidade de Conservação (UC)”, contou o prefeito, que completou dizendo que muito tempo se passou e que a prefeitura entende que o decreto está nulo porque não está inscrito no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc) “Uma UC, pra ser criada, precisa ser precedida de estudos técnicos e consulta pública, o que não aconteceu. O decreto perdeu o valor jurídico”, disse Colucci, que lembrou ainda que aquela é a única área de cidade disponível para se criar um parque urbano.
O prefeito contou ainda que a Prefeitura fez um pagamento de 30 parcelas pela área e que em 2010 entrou com pedido de usucapião da área, que está registrada no nome da Cesp.
Colucci continuou sua explanação dizendo que a Cetesb, que fornece a licença para esse tipo de projeto, se manifestou favorável ao empreendimento. “A Sabesp também está favorável à implantação do parque, assim como a Fundação Florestal”, ressaltou o prefeito, que lembrou que no local já foram investidos cerca de R$ 120 mil com obras de reforma de banheiros e melhoria de trilhas.
Projeto
A ideia é fazer um espaço arqueológico e de turismo de aventura denominado Parque da Usina Prefeito Geraldo Junqueira, com o intuito de fomentar o turismo sustentável, de Educação, Cultura e Cidadania. O espaço será revitalizado para promoção de ações e eventos de natureza arqueológica e de turismo de aventura. Com a reestruturação do prédio da antiga Usina da Cesp, o local passaria a abrigar, por exemplo, o Instituto Histórico, Geográfico e Arqueológico de Ilhabela (IHGAI).
Colucci contou também que uma área da Elektro, concessionária de energia elétrica na ilha, será desapropriada para serem instalados ali um restaurante e uma lanchonete, além de aumentar o espaço do estacionamento. O prefeito também já iniciou conversas com orquidários para que sejam promovidas no parque exposições permanentes e vendas de flores. “O parque tem que se sustentar”, frisou Colucci, que mostrou um vídeo com alguns teleféricos pelo Brasil e pelo mundo. A ideia é que o de Ilhabela seja parecido com o de Canela, no Parque do Caracol (RS), com cadeirinhas e não cabines, o mais integrado ao meio ambiente possível.
Atrativos
Entre os atrativos do “Parque da Cidade” previstos no projeto estão: sala verde interativa, sala e laboratório de arqueologia, maquinário histórico (exposição das máquinas utilizadas na usina), exposição ecosensorial, exposição arqueológica interativa, loja de souvenir, praça de alimentação, salão de projeção de imagens, totens informativos, vitrine viva da flora, portal das águas, deck da Cachoeira da Água Branca, teleférico, arborismo, tirolesa, terraço, auditório e observatório.
A arqueóloga Cíntia Bendazzoli deu detalhes do projeto. “É um espaço para moradores e turistas conhecerem um pouco mais da história da ilha, um lugar de convívio e lazer, com exposições interativas, ecosensoriais”, citou.
Teleférico
No início do mês, a Prefeitura enviou a Câmara Municipal o projeto de lei que autoriza “delegar, mediante concessão, precedida de licitação, o serviço de transporte público de passageiros, do tipo teleférico”. No referido projeto, o prefeito relata que “se autorizado pelo Legislativo, não acarretará nenhum custo financeiro ao município, pois toda a estrutura e serviços serão encargos da empresa vencedora do certame licitatório”. A empresa vencedora ainda destina parte da arrecadação dos valores dos bilhetes do teleférico para a manutenção do “Parque da Cidade”. “Aceitaremos no mínimo 10% de retorno para a prefeitura. Ganha a licitação a empresa que der o maior retorno, da mesma forma será a questão da concessão da lanchonete e do restaurante”, explicou Colucci. Caso a propositura seja aprovada, o projeto do teleférico será executado sem gerar nenhum custo financeiro ao município visto que toda a estrutura e serviços serão encargos da empresa vencedora do certame licitatório. O investimento está avaliado em cerca de R$ 4,3 milhões e a empresa terá prazo de concessão de 20 anos.
Caso seja aprovado o projeto, a tarifa será de R$ 15 para fazer um percurso de 1.040 metros (ida e volta). Serão construídos dois quiosques de operação do teleférico, que contará com 74 cadeiras duplas.
Foto: Josefh Flore/PMI
Fonte: Imprensa Livre (Litoral Norte).
Nenhum comentário:
Postar um comentário